O Brasil tem mais de 1,3 milhão de quilombolas, a maioria no Nordeste, e mais de 6 em cada 10 vivem em áreas rurais. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Como Nilza Santos, de 60 anos, que nasceu e viveu toda a sua vida no quilombo Cafundá Astrogilda, onde moram mais de 100 famílias. Cercada por nascentes de água e cachoeiras, a comunidade descendente das fazendas Beneditinas, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, desenvolveu sua própria maneira de captar a água. A nascente fica dentro do bananal.
“O meu marido colocou a caixa d'água e instalou pra vir pra nós tudo aqui, que é tudo irmão, né?”, conta Nilza.
O Censo traz informações de 2022, e mostra características dos domicílios e das pessoas que vivem nessas comunidades. O IBGE diz que 38,2 % vivem em áreas urbanas e 61,7 % em áreas rurais.
A precariedade no o à água ocorre em mais de 40% dos territórios quilombolas nas áreas rurais e em pouco mais de 11% nas áreas urbanas.
As condições precárias de saneamento básico atingem mais da metade dos moradores de áreas urbanas. Já em áreas rurais, estão presentes em quase 95% dos locais.
A taxa de analfabetismo em áreas rurais é de quase 23%, índice maior que nas áreas urbanas, que apresentam um percentual de 13,2%.
A divisão entre o quilombo urbano e rural, o que é considerado problemático pelos próprios quilombolas. “Quilombo é quilombo. Quilombo é um território com história. E é a história que determina se aquele lugar é quilombo ou não”, argumenta Sandro da Silva Santos, agente de defesa ambiental.
Apesar da discordância sobre a classificação entre rural e urbano, Sandro reconhece a importância dos números trazidos pelo estudo. “O IBGE coloca os quilombos no mapa do Brasil, seja para o Poder Executivo, para o Poder Judiciário, para a legislação, para as políticas públicas estarem chegando aqui”, afirma.
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