O Cine Aldeia é a primeira sala de cinema indígena da região Norte do Brasil. Mais do que um espaço de entretenimento, ele se configura como uma ferramenta poderosa de preservação cultural, de identidade, de resistência e de educação.
Localizado às margens do Rio Tarumã, no Amazonas, o projeto promete escrever um novo capítulo na história do audiovisual e da cultura indígena. A sala de cinema está situada dentro da aldeia Inhaã-bé, ível apenas por meio de uma rabeta, que atravessa o Rio Tarumã-Açu, um afluente do Rio Negro.
Esse evento promete levar a sétima arte a um público que, frequentemente, tem o limitado a espaços culturais. Inhaã-bé é uma palavra de origem indígena que significa "chocalho", simbolizando uma pequena comunidade que, mesmo pequena, faz um grande barulho.
Muitos desconhecem, mas o Brasil é lar de 305 povos indígenas, que falam 274 línguas diferentes, com o Amazonas abrigando a maior população indígena do país.
Para garantir o sucesso da sala de cinema, a aldeia recebeu a doação de placas solares, possibilitando a instalação de energia elétrica na data do evento, incluindo a internet. Essa modernização, no entanto, não interfere na experiência cultural do público, já que a sala é, na verdade, uma oca indígena com decoração étnica e com esteiras e almofadas para garantir conforto.
O projeto não se limita ao turismo; ele também visa à valorização do artesanato indígena. Durante a vazante, as famílias da aldeia recolhem materiais recicláveis do rio e, com a mão de obra criativa da comunidade, produzem poltronas para o cinema e outras atividades culturais. Além disso, a aldeia já planeja transmitir ao vivo eventos como o Oscar, dando à comunidade a oportunidade de torcer pelo filme brasileiro “Ainda estou aqui”.
A inauguração da sala de cinema foi marcada por um ritual de defumação, destinado a purificar o ambiente. Thaís Kokama, a idealizadora do projeto, aproveitou a ocasião para lançar seu próprio documentário, intitulado "Traços da Resistência", que narra a importância do grafismo indígena.
Segundo ela, embora, muitas vezes, os povos indígenas tenham sido retratados como coadjuvantes, o desejo de produzir conteúdo audiovisual próprio sempre foi forte. O projeto busca dar aos indígenas a oportunidade de contar suas histórias e ser protagonistas na produção de sua própria cultura.
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