Morreu, nesta terça-feira (13), aos 89 anos, o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica. O político ganhou notoriedade internacional pela vida modesta que levou, inclusive na presidência, doando a maior parte do salário e usando seu velho carro particular para se locomover.
O presidente ateu e ex-guerrilheiro que legalizou a maconha no Uruguai. José Alberto Mujica Cordano nasceu em Montevidéu em 20 de maio de 1935. Filho de pai espanhol e mãe italiana, nos anos 1960 entrou para a guerrilha urbana de extrema-esquerda dos Tupamaros, participação que rendeu a Mujica seis ferimentos a bala e quatro prisões.
A última delas, em 1972, durou 13 anos: Pepe Mujica foi feito de refém pela ditadura militar uruguaia para que os Tupamaros não fizessem ataques no país. Severamente isolado de outros presos, Mujica só foi solto em 1985, com a redemocratização uruguaia.
Entrou para a política formal sendo eleito deputado por Montevidéu, em 1994, e, em 1999, senador. A ascensão política culminou com a eleição para presidente do Uruguai, em 2009.
Seu mandato foi marcado por avanços em políticas progressistas, especialmente a legalização da maconha, do aborto e do casamento homoafetivo. O estilo de vida austero do presidente Mujica também chamava a atenção em todo o mundo: crítico do capitalismo e do consumismo, ele abriu mão da mansão presidencial para seguir vivendo no sítio da primeira-dama, Lucía Topolansky, e continuou a dirigir o próprio carro, um Fusca 1987, para se deslocar.
Cerca de 90% do que recebia como presidente era doado para projetos sociais. Depois da presidência, Mujica voltou ao Senado, onde ficou até 2020. Sua vida inspirou filmes, como Uma Noite de 12 Anos, sobre o isolamento na prisão, e o documentário biográfico El Pepe – Uma Vida Suprema.
Em seu terceiro mandato, o presidente Lula visitou Mujica duas vezes. Na última ocasião, em 2024, concedeu ao uruguaio a Ordem do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração oferecida pela presidência brasileira.
Em abril de 2024, Mujica foi diagnosticado com um câncer de esôfago. Em janeiro deste ano, declarou a um jornal que a doença havia se espalhado e que não se submeteria mais a tratamentos. Pediu, também, que os jornalistas não o procurassem mais.
Pepe Mujica deixa a mulher, Lucía, com quem era casado desde 2005.
Defesa da Comunicação Pública 1mn4f
Durante seu governo, Mujica avançou na democratização dos meios de comunicação. Uma lei aprovada em 2014 colocou limites à concentração privada de licenças de TV, exigiu uma maior presença de produção nacional e independente na programação da TV e do rádio, além de ter estabelecido mecanismos para fortalecer o sistema público de mídia do país.
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